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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Dizer-se cristão e viver como pagão provoca escândalo

“Todo cristão, qualquer que seja a sua vocação, tem sempre que saber perdoar e nunca provocar escândalo, porque o escândalo destrói a fé”, disse nesta segunda-feira o papa Francisco em sua homilia na Casa Santa Marta.

Quando diz aos discípulos o que pensa de quem escandaliza os outros, especialmente os indefesos, Jesus adota uma imagem crua em vez de uma expressão adocicada: “É melhor ser jogado ao mar com uma pedra atada ao pescoço”. Ao comentar o evangelho de Lucas, Francisco destacou três palavras: escândalo, perdão e fé. “Ai de quem escandaliza”, afirma Cristo, enquanto São Paulo dá instruções precisas, em sua carta a Tito, sobre o estilo de vida que um sacerdote deve ter: não violento, sóbrio, irrepreensível; ou seja, o contrário do escândalo.

E isto, afirma o papa, vale para todos os cristãos. “O escândalo é professar um estilo de vida, ‘sou cristão’, e viver como pagão, que não crê em nada”. Isto escandaliza porque “falta o testemunho”.
Quando um cristão ou uma cristã que vai à igreja não vive coerentemente, escandaliza. “Quantas vezes ouvimos dizer: ‘Eu não vou à igreja porque é melhor ser honesto e não fazer como este ou aquela que vão à igreja e depois fazem isto, isso e isso…’. O escândalo destrói, destrói a fé! Jesus fala com firmeza: ‘Tenham cuidado, tenham cuidado!’. E nos fará bem repetir isto hoje, porque todos nós somos capazes de causar escândalo”.

Em igual medida, todos também temos que saber perdoar. E perdoar “sempre”, insiste o papa, ecoando as palavras de Cristo, que nos convida a perdoar “sete vezes setenta” se aquele que nos fez o mal nos pedir perdão arrependido. Jesus, observa o papa Francisco, “exagera para nos fazer entender a importância do perdão”, já que “um cristão que não é capaz de perdoar escandaliza; não é cristão”.

“Temos que perdoar porque somos perdoados. Isso está no pai-nosso. Jesus nos ensinou. A lógica humana não entende isto. A lógica humana nos leva a não perdoar, à vingança, ao ódio, à divisão. Quantas famílias divididas por não se perdoarem! Quantas famílias! Filhos afastados dos pais, marido e mulher afastados… E é muito importante pensar nisto: se eu não perdoo, parece que não tenho o direito de ser perdoado ou não entendi o que significa o fato de que nosso Senhor me perdoou”.

“Os discípulos, escutando estas coisas, pediram ao Senhor: ‘Aumenta a nossa fé’. Sem a fé não podemos viver sem causar escândalo; a fé que recebemos, a fé em um Pai misericordioso, em um Filho que deu a vida por nós, em um Espírito que está dentro de nós e nos ajuda a crescer; a fé na Igreja, a fé no povo de Deus, batizado e santo”.

“E a fé é um presente. Ninguém pode receber a fé pelos livros ou indo a conferências. A fé é um presente de Deus e por isso os apóstolos pedem a Jesus: ‘Aumenta a nossa fé’”.

(10 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.

Carlo Acutis, o anjo da juventude

A comovente história do menino que, no leito de morte, ofereceu sua vida pela Igreja e pelo Santo Padre



Algumas pessoas saem da vida para entrar na história; outras, para entrar no céu. Em 12 de outubro de 2006, falecia o jovem Carlo Acutis, vítima de uma grave leucemia. No leito de morte, desejou ardentemente que seus sofrimentos fossem oferecidos a Deus pela Santa Igreja e pelo Papa. O testemunho do rapaz, de apenas 15 anos, comoveu toda a Itália, tornando-o modelo de santidade, sobretudo para a juventude. No momento, a Diocese de Milão, à qual Acutis pertencia, trabalha na sua causa de beatificação.

Carlo Acutis nasceu em Londres, na Inglaterra, a 03 de maio de 1991. Os primeiros dias de vida foram também os primeiros de sua jornada para Deus. Com uma fé católica profundamente arraigada, os pais, André e Antônia, não tardaram a lhe providenciar o batismo, preparando para a ocasião um pequeno bolo em formato de cordeiro, como forma de agradecimento ao Senhor pela entrada do filho na comunidade cristã. Um simbolismo profético. A exemplo do Cordeiro de Deus, o pequeno Acutis também se faria tudo para todos, a fim de completar na própria carne – como diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do dor – o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja.

Crescendo em Milão, o pequeno Carlo demonstrou as virtudes cristãs desde a infância. Era uma criança alegre, de comportamento suave, que cativava a todos – principalmente as babás – com o seu entusiasmo contagiante. E se algum amiguinho aprontava-lhe uma maldade, sabia colocar a caridade acima do instinto: “o Senhor não seria feliz se eu reagisse violentamente”. Aos 12 anos de idade, a Santa Missa já lhe era o bem mais precioso. Comungava diariamente, haurindo da Eucaristia a graça para uma vida santa.

Tamanha espiritualidade chamava a atenção dos mais próximos. Certa vez, preferiu participar de uma peregrinação a Assis, Itália, a visitar outros lugares para diversão. O comportamento do garoto levava os parentes a considerarem-no uma “vítima dos pais”. Mas não era nada disso. Como confidenciaria a seu diretor espiritual, poucos dias antes de sua derradeira páscoa, Assis era o lugar onde mais se sentia feliz. Juntamente com Nossa Senhora de Fátima, São Francisco era-lhe o grande santo de devoção, principalmente por sua pequenez e humildade.

Vibrante, apaixonado pela vida, tinha no apostolado o fim último de toda a sua ação. Entendera cedo o “chamado universal à santidade”. Daí a disponibilidade para com todos, fazendo-se amigo de qualquer um, mesmo dos mais tímidos. “Ele acreditava no diálogo íntimo com o Senhor – conta um dos colegas – e rezava o rosário todos os dias. Após a morte de Carlo voltei para a Igreja e acho que isso pode ser mérito de sua intercessão”.

No Instituto Liceo Classico Leão XIII, onde iniciou o ensino médio, desenvolveu sua paixão por computadores. Carlo criou um site dedicado aos milagres eucarísticos e à vida dos santos. “Decidi ajudá-los – dizia o jovem na página da internet – compartilhando alguns dos meus segredos mais especiais para aqueles que desejam rapidamente alcançar o objetivo da santidade”. Carlo Acutis insistia na Missa diária, na récita do rosário, na lectio divina, na confissão e no apego aos santos. “Peça ao seu Anjo da Guarda para ajudá-lo continuamente, de modo que ele se torne seu melhor amigo”, recomendava.

Em 2006, com apenas 15 anos, Carlo Acutis descobriria uma grave doença: a leucemia. Confundida inicialmente com uma inofensiva “caxumba”, o mal acabou se alastrando rapidamente, mesmo com os vários tratamentos, causando-lhe a morte em apenas um mês. Às 6:45h de 12 de outubro de 2006, o Senhor o levava para a vida eterna. Perto de falecer, confidenciou aos pais: “Ofereço todos os sofrimentos desta minha partida ao Senhor, ao Papa e à Igreja, para não fazer o Purgatório e ir direto para o Paraíso.”

A postuladora para a causa dos Santos da Arquidiocese de Milão, Francesca Consolini, afirma que a fé de Carlo Acutis era “singular”: “levava-o a ser sempre sincero consigo mesmo e com os outros (…) era sensível aos problemas e as situações de seus amigos, os companheiros, as pessoas que viviam perto a ele e quem o encontrava dia a dia”. O testemunho do rapaz pode ser encontrado na sua biografia, “Eucaristia, minha rodovia para o céu”, escrita por Nicola Gori, articulista do L’Osservatore Romano.
O corpo de Carlo Acutis foi sepultado em Assis, cidade de São Francisco, por sua especial devoção ao santo.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere